Acho que como eu muita gente está tentando entender o que está acontecendo na economia americana.
Tenho lido bastante e resolvi colocar aqui um resumo que acho que explica muito bem o que aconteceu, e o que está acontecendo, embora sem ainda o resultado final, que esperamos saia o mais rápido possível para que dessa forma o mercado se acalme e as coisas voltem a caminhar.
Textos retirados do Estadão e Globo.com
Entenda a origem da crise e até quando ela deve permanecer
Professor do curso de Economia da USP explica a dimensão da crise e traça os cenários possíveis para o Brasil
Cláudia Ribeiro, do estadao.com.br
A crise que afeta o mercado financeiro nos Estados Unidos e arrasta os negócios no mundo todo tem o foco na saúde do sistema bancário norte-americano. A origem do problema são as hipotecas. Com o baixo juro nos Estados Unidos – praticados entre 2001 e meados de 2004 – e as boas condições de financiamento, muitas pessoas compraram imóveis e se endividaram.
Mas o juro subiu, a economia desaqueceu e a inadimplência aumentou. Os bancos que emprestaram dinheiro começam a mostrar o rombo. Além disso, o preço dos imóveis caiu. Pagando uma prestação mais alta e com o valor do bem menor, os norte-americanos reduziram o consumo. Isso deve influenciar de forma negativa as economias no mundo todo.
O professor do curso de Economia da Universidade de São Paulo e coordenador da pós-graduação, Carlos Eduardo Soares Gonçalves, explica a dimensão da crise e traça os cenários possíveis para a economia brasileira:
1- Até quando os bancos norte-americanos podem divulgar suas perdas com a crise das hipotecas nos EUA?
Os bancos norte-americanos podem mostrar prejuízos até seis meses depois que eles foram efetivamente assumidos. Ou seja, um calote entra para o balanço do banco até um semestre depois. Contudo, isso não significa que, após a divulgação de todas as perdas, a crise tenha passado. O fato é que esta crise é ‘virulenta’. Isso significa que todos os setores da economia são contaminados pela crise do crédito no sistema bancário norte-americano. Por exemplo, se uma pessoa está com dificuldades para pagar a sua prestação imobiliária, ela vai reduzir o consumo. Com isso, vai comprar menos roupas, menos combustível, menos calçados, não vai viajar, não vai investir etc. Essa é a conseqüência da crise do mercado imobiliário sobre a economia real e não é possível dizer até quando isso vai e em qual profundidade.
2- O Federal Reserve se reúne nesta terça-feira. O que o banco central dos Estados Unidos pode fazer para solucionar o problema? Ele tem ferramentas para isso?
O banco central americano deve cortar o juro básico em 1 ponto porcentual. Com isso, a taxa deve cair para 2% ao ano. Mas esta ferramenta do Fed tem ação limitada. Quem está com dificuldade para pagar suas contas não vai consumir mais. Contudo, poderá se endividar mais para pagar empréstimos antigos. E aí reaparece o risco que foi a origem da crise atual nos Estados Unidos. Empréstimos com taxas baixas e com alto risco de calote. Para a crise americana, portanto, o mais importante não é a redução dos juros, mas sim a oferta de liquidez (recursos). Esta ferramenta já foi adotada pelo Fed, em uma ação conjunta com outros BCs mundiais, quando ele ofereceu US$ 200 bilhões na troca de títulos na semana passada. Isso sim poderá contribuir para a melhora das condições para os bancos e consumidores.
3- Até agora, o Brasil sofreu muito pouco com a crise nos EUA, exceto pela forte queda da Bovespa. Isso pode mudar? Quando e por quê?
O Brasil está em condições melhores, com alto volume de reservas. Para o País, a situação vai começar a piorar se o preço das commodities cair. O comércio exterior depende muito destes produtos. Se a demanda externa diminuir, em função de um desaquecimento econômico, o preço das commodities vai cair. E, neste ponto, dependemos muito da China, de como o mercado lá vai se comportar. Mesmo para o mercado financeiro isso é importante, já que as maiores empresas da Bolsa – Petrobras e Vale – vendem commodities e, se o preço cair, as ações também vão cair.
O programa de resgate, proposto na semana passada pelo governo, prevê o uso de US$ 700 bilhões para a compra de títulos podres em poder dos bancos. A intenção é desbloquear o fluxo de crédito, que atualmente está paralisado pela presença desses ativos “tóxicos” nos balanços das instituições financeiras.
Líderes do Congresso norte-americano e representantes do governo Bush fecharam na madrugada deste domingo as linhas gerais do acordo.
Um comitê de legisladores já havia anunciado um princípio de acordo na última quinta. O pacto foi quebrado após o protesto de republicanos à ampla intervenção pública na economia.
Antes de entrar na reunião deste sábado, um grupo de republicanos insistiu em que, ao invés de comprar os títulos, o governo deveria coordenar um fundo com dinheiro privado que ofereça garantias de pagamento dos títulos podres.
Os democratas se mostraram dispostos a incorporar essa idéia ao programa final, embora só como uma das opções à disposição do Tesouro, e não como uma alternativa ao plano original.
O candidato do Partido Democrata à Casa Branca, Barack Obama, e o republicano John McCain disseram neste domingo que deverão apoiar o plano.
Em comunicado à imprensa, Obama afirmou que o acordo parece conter os quatro princípios que ele defendia: supervisão do plano por uma comissão independente; a possibilidade de o governo federal e, assim, os contribuintes, serem ressarcidos; mais ajuda para os proprietários de imóveis com problemas; e regras claras sobre a compensação de executivos de instituições socorridas.
Em entrevista à CBS, Obama acrescentou: “Minha inclinação é apoiar. Temos que lembrar como chegamos aqui. Não para encontrar culpados, mas para entender as escolhas que enfrentará o próximo presidente.”
Questionado se apoiaria o plano, McCain disse: “Espero que sim”. Para ele, o acordo seria algo que as pessoas teriam que “engolir” e seguir em frente.
O presidente George W. Bush procurou acalmar neste sábado (27) as preocupações sobre o plano de ajuda de US$ 700 bilhões, dizendo que o custo final do pacote será muito menor, porque o valor dos ativos podres adquiridos pelo governo vai aumentar com o tempo.
Bush disse que estava confiante de que o plano em negociação no Congresso durante o final de semana vai ser aprovado “logo” e que existes pontos de consenso entre os lados em discussão na maioria dos aspectos do pacote.
“Nós precisamos liberar o fluxo de crédito para os consumidores e para as empresas reduzindo o risco apresentado por esses ativos podres”, disse Bush em seu discurso semanal no rádio. “Nós devemos garantir que os contribuintes sejam protegidos, que os executivos falidos não se aproveitem dos impostos pagos e que haja um quadro bipartidário para a supervisão desses esforços.”
O presidente dos EUA procurou diminuir a ansiedade sobre o alto valor do pacote. “O custo final desse plano será bem menor que 700 bilhões”, disse.
“Muitos dos ativos que o governo deve comprar tendem a aumentar de valor com o tempo. Isso significa que o governo poderá recuperar muito, se não tudo, da despesa original”, acrescentou.
Bush repetiu suas advertências de que a falência do sistema financeiro pode colocar a economia em perigo e no caminho em direção a uma “profunda e dolorosa recessão”.
Com as palavras do presidente eu ternino meu “post” desejando que logo eu possa colocar aqui não apenas o “pacote”mas também os resultados positivos para a economia americana e para o mundo.
God Bless America and God Bless the American People !
Sandra
Esta semana recebi um artigo via internet, achei super engraçado e resolvi colocar aqui, o autor Osto Craudiley, aqui vai !
Um texto simples para entender a A atual crise dos EUA
Por uma analogia simples e verídica. Já não precisamos ser ::emebiêi:: para entender a crise subprime americana.
Entender a crise não é fácil (vide as tentativas de David Leonhardt, em um excelente artigo para o NYT). Mas permitam-me oferecer um similar nacional, pesquisado pelo nosso intrépido correspondente Osto Craudiley.
É assim: o seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça ::na caderneta:: aos seus leais fregueses, todos bêbados e quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobre preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a que se façam operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia ::sifu::.
Hehehehehe.. só rindo pra não chorar né ? 🙁